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Retirada do câncer de pele passa pela reconstrução da ferida

O bem-estar psicológico dos pacientes é diretamente afetado pelo resultado final da cicatriz cirúrgica, mostra estudo
Retirada do câncer de pele passa pela reconstrução da ferida
Retirada do câncer de pele passa pela reconstrução da ferida
Imagem: Retirada do câncer de pele passa pela reconstrução da ferida
Retirada do câncer de pele passa pela reconstrução da ferida

Este mês é marcado pelo Dezembro Laranja, que prevê a conscientização contra o câncer de pele. A doença é mais comum em áreas expostas ao sol como o rosto, por isso há grande preocupação quanto ao resultado da cirurgia. 

O estudo “Importance of physical appearance in patients with skin cancer”, realizado na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, demonstrou que o  bem-estar psicológico dos pacientes que passam por uma cirurgia para remoção de câncer de pele no rosto é diretamente afetado pelo resultado final da cicatriz cirúrgica.

A reconstrução da ferida operatória é realizada em cerca de 90% dos casos após a remoção de carcinomas basocelulares e espinocelulares, tipos mais comuns de câncer de pele. 

“Quando localizados no rosto, o tratamento mais indicado para remoção desses tumores é a cirurgia micrográfica de Mohs, técnica com maior taxa de cura do que a cirurgia convencional, e, além disso, que preserva a pele sadia levando a menores cicatrizes”, explica o médico dermatologista, cirurgião de Mohs e pesquisador, Felipe Cerci.

Segundo ele, nos casos de reconstrução é essencial que a sutura da ferida seja minuciosa, pois interfere diretamente no resultado estético do procedimento, sendo possível muitas vezes deixar a cicatriz pouco aparente quando técnicas adequadas são utilizadas.

“O resultado afeta diretamente a qualidade de vida, a saúde psicológica e o bem-estar do paciente. Além da parte estética que é fundamental, temos que pensar na questão funcional de regiões como a pálpebra (visão), nariz (respiração) e lábios (fala, alimentação)”, ressalta Cerci.  

Para o especialista, o cuidado com o resultado da cicatriz deve ser levado a sério. “Claro que o principal ponto é a cura do câncer de pele, mas também devemos nos preocupar em reconstruir a ferida da melhor forma possível, para que restaure a anatomia mais próxima ao natural. Sempre que reconstruo uma ferida, imagino que é o meu rosto (ou da minha esposa) que estou reconstruindo”.

Cerca de 10% das feridas não precisam ser reconstruídas. Nesses casos, ocorre a cicatrização espontânea, ou seja, sem a necessidade de pontos. Cerci explica que isso é possível para tumores de pele considerados pequenos: “São feridas muito superficiais, em áreas côncavas como no canto dos olhos – próximo ao nariz. Nessas situações podemos esperar a cicatrização apenas com a troca diária de curativos”. 

LANÇAMENTO DE LIVRO – Com o objetivo de auxiliar os colegas cirurgiões a restaurar feridas operatórias após uma cirurgia de Mohs, os Drs. Felipe Cerci (Brasil) e Stanislav N. Tolkachjov (EUA) lançam o livro em todo o mundo “Combination Facial Reconstruction after Mohs Sugery: A Case Based Atlas”.  

Segundo Tolkachjov, o livro ficou muito prático e de fácil estudo. “Os textos estão dispostos em forma de tabela, temos o passo a passo, prós e contras de cada uma das técnicas de reconstrução e muitas fotos intraoperatórias, com os pontos e etapas chaves da reconstrução, para facilitar o entendimento do leitor”. 

Segundo os autores, o livro foca apenas em reconstruções combinadas, que são as realizadas utilizando mais de uma técnica como, por exemplo, o uso de dois retalhos, ou um retalho e um enxerto.

Cerci relata que a ideia surgiu durante uma conversa em um congresso. “Foram anos de produção com muita cautela na seleção dos casos e das fotos. Dividimos o livro em unidades anatômicas (orelhas, lábios, nariz, bochecha,  pálpebra, etc) para facilitar o aprendizado. Como esperado, foi um trabalho extenso, mas que com certeza valeu a pena. Esperamos que o livro auxilie os colegas cirurgiões que muitas vezes precisam ser criativos na combinação de técnicas na hora de reconstruir uma ferida”. 

O livro é composto por 61 capítulos subdivididos em sete grupos de unidades anatômicas, com mais de 80 casos cirúrgicos e quase 600 fotos de cirurgia. 

A obra está disponível na Amazon para vários países do mundo. 

 

 

MaceióBrasil