Uma nova banda norte-americana de indie rock, com um guitarrista brasileiro, está sendo apontada pela crítica dos Estados Unidos e da Inglaterra como uma das revelações de 2023 e como um dos próximos sucessos internacionais deste estilo. A Been Stellar é formada por cinco amigos que estudaram música juntos, na New York University. Um deles é o guitarrista paulistano Nando Dale.
A revista inglesa Far Out Magazine listou a Been Stellar entre os “10 novos artistas para se entusiasmar em 2023”. E a New Musical Express, outra tradicional publicação britânica de música indie e pop, incluiu a Been Stellar na sua lista “The NME 100”, com os cem artistas essenciais para se ouvir em 2023.
No início deste ano, a jornalista Anagricel Duran, da NME, acompanhou um show da banda e concluiu: “Been Stellar está no caminho certo para revitalizar o som de guitarra legal e sem esforço pelo qual Nova York era conhecida há duas décadas”.
Já o jornalista Joe Taysom, da Far Out Magazine, cravou um prognóstico: “Been Stellar parece ser a próxima grande banda de rock‘n’roll a ser exportada”.
Por fim, Paul Bridgewater, do portal The Line of Best Fit, também britânico, publicou: “A reinvenção do indie rock pelo Been Stellar tem rendido comparações ao The Strokes, mas o quinteto de Nova York faz um som que remete tanto aos pops de The Replacements quanto ao barulho da guitar music do Reino Unido de meados dos anos 90”.
Apesar do reconhecimento em Nova York, nenhum dos cinco integrantes da Been Stellar é nascido na cidade: além do guitarrista brasileiro Nando Dale, o cantor e letrista Sam Slocum e o guitarrista Skyler Knapp foram companheiros de escola na região de Detroit; enquanto o baixista Nico Brunstein e a baterista Laila Wayans vieram de Los Angeles.
Os integrantes da banda apontam influências como Sonic Youth, My Bloody Valentine, Pixies e Slowdive, mas a Been Stellar busca personalidade própria em seu Alternative Rock. “Não estamos tentando imitar outros artistas; eles são uma colcha de retalhos que podemos utilizar para realizar o que quer que a música esteja tentando ser”, disseram, em entrevista, em 2022.
Nando Dale adiciona outros nomes que fazem parte de sua formação como guitarrista e compositor. “Muito da maneira como eu toco até hoje acaba vindo de quando comecei a aprender guitarra. No Brasil, eu tinha um professor que me introduziu a Radiohead, Frank Zappa, Carlos Santana. Com o tempo, fui misturando essas influências com bandas de shoegaze, pós-punk, britpop, etc.”, diz. Hoje, ele coloca entre seus favoritos Stereolab, Brian Jonestown, Portishead, Swervedriver e Drop Nineteens.
Sobre o processo de composição da Been Stellar, Nando conta que as criações são, geralmente, coletivas e destaca o entrosamento entre os integrantes, na busca por uma harmonia definitiva. “A gente valoriza essa energia de quando os cinco tocam juntos, de como sai o jam (improviso) e o resultado final”, conta. “Estamos constantemente procurando um equilíbrio entre uma melodia muito boa e um noise (ruído) caótico”, resume.
Influências brasileiras
Apesar da distância, o guitarrista também procura manter alguma ligação com a música brasileira. “Cresci ouvindo Bossa Nova e ainda acompanho o indie brasileiro, dentro do possível. Acho uma boa maneira de estar próximo da cultura do país onde nasci”, afirma. “O que mais me influencia na música brasileira é o ritmo e o contexto harmônico, principalmente os acordes da Bossa Nova, que gosto de estudar”, declara.
Em entrevista, em maio deste ano, para o Audiotree, que também serviu de Live Session do EP do Been Stellar, Nando cita Milton Nascimento entre suas influências e, especificamente, o histórico álbum Clube da Esquina.
Após abrir shows de bandas como Fontaines D.C. e beabadobee, Been Stellar realizou recentemente um tour pela Europa, com shows em Paris, Londres e Amsterdã. E o quinteto também emplacou uma música na trilha sonora da série “City on Fire”, que estreou na Apple TV+ em maio deste ano.
Perguntado se a Been Stellar planeja tocar no Brasil, Nando responde: “É um sonho pra gente e, especificamente para mim, poder me apresentar com a banda na minha terra natal”. E finaliza: “No meio musical dos EUA já ficou famosa a onda do ‘Come to Brazil’”.