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Alterações orais ajudam no diagnóstico precoce do HIV

No mês de prevenção e conscientização do HIV/AIDS, o CROSP alerta sobre as várias manifestações associadas à doença
Alterações orais ajudam no diagnóstico precoce do HIV
Alterações orais ajudam no diagnóstico precoce do HIV
Imagem: Alterações orais ajudam no diagnóstico precoce do HIV
Alterações orais ajudam no diagnóstico precoce do HIV

Neste Dezembro Vermelho, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) alerta sobre as várias manifestações associadas à aids, síndrome transmitida pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), entre as quais as alterações orais, que são frequentes e impactam significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que, atualmente, um milhão de pessoas vivam com HIV no Brasil. Em 2022, cerca de 30 pessoas morreram de aids por dia no país.

De acordo com o CROSP, reconhecer tais manifestações é muito importante para um diagnóstico precoce e um plano de tratamento eficaz. A cirurgiã-dentista e secretária da Câmara Técnica de Patologia do Conselho, Dra. Ana Lia Anbinder, explica que as lesões mais comuns associadas à aids são a candidose oral, a leucoplasia pilosa, o sarcoma de Kaposi, o eritema gengival linear, a gengivite necrosante, a periodontite necrosante e o linfoma não Hodgkin.

“Nenhuma das lesões descritas é exclusiva de pacientes com HIV/aids; no entanto, todas elas apresentam uma prevalência e gravidade mais elevadas em comparação com pacientes sem HIV, em alguns casos, associadas ao uso de terapia antirretroviral“, esclarece a especialista.

Dra. Ana diz que, com o surgimento de terapias antirretrovirais (medicamentos utilizados para o tratamento de infecções por retrovírus), a prevalência de algumas manifestações orais relacionadas ao HIV diminuiu, especialmente aquelas associadas a contagens mais baixas de células CD4, como candidose, leucoplasia pilosa e sarcoma de Kaposi. Por outro lado, segundo ela, houve um reconhecimento maior do papel de condições comuns, como cárie e doença periodontal, associadas à xerostomia, por exemplo, e consequentemente uma maior atenção ao cuidado odontológico de rotina e preventivo para pacientes com HIV.

Apesar de ter sua prevalência reduzida com o uso da terapia antirretroviral, o sarcoma de Kaposi continua sendo a neoplasia maligna oral mais frequente associada ao HIV. É uma neoplasia vascular causada pelo herpesvírus humano 8, que é transmitido durante o sexo, ou através de sangue e saliva.

“As características clínicas do herpesvírus variam de acordo com seu estágio, progredindo de pápulas a placas vermelho-arroxeadas, as quais podem ulcerar. Em estágios avançados, a lesão pode se manifestar como múltiplos nódulos roxos e ulcerados, levando à mobilidade e perda dentária. O diagnóstico é baseado nas características clínicas e histopatológicas”, esclarece a cirurgiã-dentista.

Dra. Ana informa ainda que a terapia antirretroviral é recomendada para todas as pessoas com sarcoma de Kaposi associado ao HIV, pois essas lesões frequentemente regridem com este tratamento. Quando isso não acontece, o tratamento adicional pode envolver uma combinação de radioterapia, quimioterapia ou excisão cirúrgica.

“O diagnóstico precoce das manifestações orais em pacientes com aids é crucial para garantir a eficácia do tratamento e melhorar a qualidade de vida. Cirurgiões-dentistas desempenham um papel fundamental ao realizarem exames bucais regulares e ao estarem cientes das manifestações associadas à infecção pelo HIV”, finaliza.

 

MaceióBrasil