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Problemas renais infantis são maiores em países menos desenvolvidos

Na mesa-redonda “Laboratório em pediatria”, que ocorrerá no 55º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, em setembro, em São Paulo, pesquisadores discutirão como fazer diagnóstico, orientar tratamentos e o papel central dos exames laboratoriais no diagnóstico de nefrolitíase infantil
Problemas renais infantis são maiores em países menos desenvolvidos
Problemas renais infantis são maiores em países menos desenvolvidos
Imagem: Problemas renais infantis são maiores em países menos desenvolvidos
Problemas renais infantis são maiores em países menos desenvolvidos

Ocorrências de nefrolitíase, comumente chamadas de cálculo renal e pedras nos rins, em crianças, não são casos raros, ainda que não existam dados consolidados para a infância.  Na população adulta, a doença se apresenta com uma prevalência de 5% a 10%, de acordo com dados da Universidade Federal de São Paulo ( UNIFESP).

Em crianças, não há dados confiáveis, e por isso, muitas vezes, o diagnóstico fica restrito, mas o aumento dos casos é uma preocupação da comunidade médica. Uma das discussões no 55º Congresso de Patologia e Medicina Laboratorial, que ocorrerá em São Paulo, entre os dias 5 e 8 de setembro, é o aspecto socioeconômico dos países e a relação com a nefrolitíase em crianças.

De acordo com o professor doutor em Patologia (USP), Adagmar Andriolo – médico formado pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e professor titular na mesma instituição, será debatido o papel fundamental do laboratório para auxiliar os médicos na investigação dos cálculos no público infantil. 

“Uma das frentes que vamos tratar nessa mesa redonda é a diferença do tipo de acometimento da cálculos em crianças em países menos e mais desenvolvidos. Nos países menos desenvolvidos, as crianças têm, mais frequentemente, a formação de cálculo associado à infecção urinária, cálculos em porções mais baixas do trato urinário, ou seja, no ureter e na bexiga. Já nos países mais desenvolvidos, a formação de cálculo está mais relacionada a causas metabólicas, como erros inatos do metabolismo e distúrbios dietéticos, com formação de cálculos em posições mais altas das vias urinárias e nos rins”, explica ele.

Entre as anormalidades metabólicas citadas pelo médico, a hipercalciúria – alta excreção de cálcio na urina – é observada em cerca de 40% dos casos de formação de cálculos em crianças. De acordo com o professor, anomalias anatômicas, fatores ambientais, distúrbios genéticos e processos infecciosos também estão associados com os casos.

Conforme avalia dr. Andriolo, esse perfil de adoecimento está relacionado com o desenvolvimento socioeconômico do país e não necessariamente com a faixa etária, já que a doença se comporta da mesma maneira em jovens e adultos. Segundo o professor, isso está diretamente conectado com a falta de acesso a serviços de saúde pública.

“Em países como o Brasil, muitas vezes, as infecções urinárias não são tratadas como deveriam. Os pacientes não chegam a ter acesso aos antibióticos ou não fazem o tratamento pelo tempo necessário para acabar com a infecção”, relata.

Diagnóstico: anamnese e exames laboratoriais

A dificuldade no diagnóstico se dá justamente pelo fato de que pacientes pediátricos não conseguem se expressar muito bem verbalmente. Por esta razão, o professor reforça a necessidade de o médico traçar o histórico de saúde familiar, atentando para o fato de haver familiares com cálculos ou doenças renais. “Além do exame físico detalhado, o médico também deve se informar sobre hábitos alimentares e de ingestão de água da criança, bem como a ocorrência de infecção urinária de repetição”, diz Adagmar.  

Quando há suspeita clínica, a tomografia de abdômen e o exame de urina de rotina são os mais eficazes na detecção, independentemente da posição em que se encontram os cálculos.

O médico ressalta a importância de se obter o cálculo para avaliar sua composição química, o que pode orientar o tratamento. Exames mais específicos devem ser realizados após ter passado a crise aguda e têm a finalidade de avaliar o metabolismo, principalmente, ou seja, as substâncias que formam a pedra, que podem ser, em sua maioria, cálcio, oxalato e ácido úrico. Em função disso, as dietas são propostas de forma mais assertiva.

Tratamento:

O tratamento depende da natureza e da causa do cálculo. “O aumento da ingestão hídrica é uma orientação geral que auxilia muito no controle das recorrências. Além disso, a dieta com controle da ingestão de gorduras, sal e açúcar também são fundamentais”, ressalta o médico.

 Sobre o Congresso:

Entre os dias 5 e 8 de setembro, São Paulo vai sediar o 5º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial. O evento acontece em paralelo à 32º edição do Congresso Mundial da Associação Mundial de Sociedades de Patologia e Medicina de Laboratório (WASPaLM), reunindo os mais renomados profissionais da área, no PRO MAGNO Centro de Eventos. O 32º WASPaLM, reúne Sociedades de Patologia Clínica e Patologia da África, Ásia, América Latina, América do Norte e Europa. Entre congressistas, visitantes, palestrantes e expositores, são esperadas cerca de 4 mil pessoas vindas do Brasil, América Latina, Estados Unidos, Europa e Ásia, com programação pré-congresso já no dia 4 de setembro, com diversos cursos. No congresso, a partir do dia 5, os participantes terão acesso a mais de 100 atividades entre conferências, mesas redondas, estudo de casos clínicos com especialistas brasileiros e estrangeiros. Além disso, o espaço do evento com mais de 4 mil metros quadrados, dará lugar a 90 empresas expositoras e marcas do setor, comprometidas com as inovações do setor de laboratórios clínicos.

Para conferir a grade completa de atividades basta acessar o site.

Sobre a SBPC/ML: 

A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial é uma associação de direito privado para fins não econômicos, fundada em 31 de Maio de 1944. Tem como finalidades congregar Médicos, portadores do Título de Especialista em Patologia Clínica/Medicina Laboratorial e Médicos de outras especialidades, regularmente inscritos nos seus respectivos Conselhos Regionais de Medicina, e pessoas físicas e jurídicas que, direta ou indiretamente, estejam ligados à Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, e estimular sempre o engrandecimento da Especialidade dentro dos padrões ético-científicos. Entre associados estão médicos patologistas clínicos e de outras especialidades (como farmacêuticos-bioquímicos, biomédicos, biólogos, técnicos e outros profissionais de laboratórios clínicos, estudantes de nível universitário e nível médio). Também podem se associar laboratórios clínicos e empresas fabricantes e distribuidoras de equipamentos, produtos e serviços para laboratórios. 

 

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