Em julho, 65,5% dos maceioenses relataram estar com alguma dívida. Registro apontado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em parceria com o Instituto Fecomércio Alagoas. Nos últimos doze meses, a menor taxa foi percebida em abril, com 59%, desde então o índice vem crescendo mês a mês, acompanhando a tendência de alta vista também no cenário nacional, que fechou o mês de julho com 71% das famílias com algum compromisso financeiro.
Em termos absolutos, de junho a julho, o número de endividados cresceu em mais de 9 mil pessoas, saindo de 189.333 para 198.856 maceioenses, registrando 4,9% de aumento na comparação mensal. Na perspectiva anual, entretanto, o índice está 9,6% abaixo do apurado em julho de 2020.
A taxa de maceioenses com contas em atraso também registra alta desde abril e alcançou em julho 18,2% das famílias (55.166 pessoas). Na comparação com o mês anterior (51.010 pessoas), o salto foi de 8,33%, um aumento de quase 4 mil inadimplentes. No entanto, na comparação anual, o índice está 40,71% abaixo do apurado em julho de 2020, quando foi registrado um total de 92.850 consumidores inadimplentes.
Outro indicador que mesmo em crescimento continua em patamares menores em relação ao ano passado, com queda de 57,3%, é o de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas em atraso, e que vão permanecer inadimplentes. Em julho de 2020, eram 53.856 consumidores nessa situação (17,8%), já no mesmo mês deste ano, a pesquisa apontou que mais de 30 mil pessoas não se encontram mais nessa condição, isto é, a taxa atual é de 7,6% (23.106 pessoas).
Nesse contexto, na capital alagoana, o cartão de crédito permanece como o maior meio de endividamento, sendo utilizado por 97,3% dos consumidores. Em segundo lugar, tomando cada vez mais espaço na preferência dos recursos utilizados para a aquisição de bens e serviços, o carnê apresenta um percentual de 23,1%, com crescimento de 38% nos últimos seis meses. Já o tempo de comprometimento com dívidas, em sua maioria, manteve-se localizado no quadrante entre 3 e 6 meses (61,9%), gerando um comprometimento médio de 29,7% da renda durante os meses de parcelamento.
De acordo com o assessor econômico da Fecomércio AL, Victor Hortencio, a tendência de alta nos indicadores também pode ser entendida como positiva, apesar do cenário ainda ser crítico. Para ele, a recuperação da economia traz, naturalmente, um fluxo de endividamento, o que é normal, pois faz parte do mecanismo econômico. “Os números ainda mostram um panorama de redução significativo quando se faz a comparação anual. Mas pode-se conjecturar que a tendência de alta registrada nos últimos meses, em todas as subcategorias, se dá devido a dois cenários que se cruzam e interagem de maneiras distintas”, ressaltou.
“De um lado, há um aumento do consumo, desencadeado pela ampliação da vacinação e seus desdobramentos na flexibilização do Comércio, em paralelo com o pagamento do auxílio emergencial e o funcionamento do Bem. Por outro lado, a economia ainda sofre com os percalços trazidos por meses de crise pandêmica e baixa atividade econômica, trazendo consigo indicadores recordes de desemprego (mais de 14% no Brasil e 20% em Alagoas), bem como altos índices de inflação (8,99% nos últimos doze meses), que impactam diretamente na geração de riqueza e no poder de compra da população”, explicou Hortencio.