É comum que quem passa por cirurgias de grande porte, como as torácicas, ortopédicas e oncológicas, experimente uma sensação de dor mais intensa durante a recuperação. Afinal, músculos, ossos e vísceras foram mexidos para tratar algum problema, e, até que se estabeleça a recuperação plena, o corpo reage. A Santa Casa de Maceió iniciou um plano piloto para a implantação da bomba de PCA (Patient Controlled Analgesia) que é a analgesia controlada pelo paciente.
O processo está sendo comandado pelos especialistas da Clínica de Anestesia de Maceió (CAM) em pacientes com convênio médico submetidos a cirurgias de grande porte e com indicação de pós-operatório em UTI. O esperado é que até o final de 2022, o procedimento seja expandido aos pacientes SUS e particulares que necessitem de um maior controle da dor.
“Estamos nos processos finais para a implantação do PCA. É um método seguro, que permite que o próprio paciente, ao sentir dor, obtenha analgesia através do simples disparo de um botão acoplado a uma bomba de infusão com liberação de medicação analgésica, garantindo, assim, o alívio da dor de forma imediata, sem espera e supervisionado do especialista”, explica a anestesiologista e especialista em dor, Lise Alencar.
A especialista reforça a segurança do método, pois o sistema é programado para evitar que doses em excesso sejam administradas. Dentre os benefícios do processo de atendimento estão uma maior satisfação dos pacientes, redução do tempo de internação hospitalar com possibilidade de alta precoce, e recuperação otimizada associada a uma menor incidência de problemas secundários, como infecções hospitalares e eventos tromboembólicos.
Por meio da CAM, a Santa Casa de Maceió dispõe de serviço de dor aguda que atua nos procedimentos cirúrgicos de médio e grande porte com potencial álgico importante. Esse serviço atua mediante a realização de visitas hospitalares aos pacientes internados com difícil manejo álgico para otimização de analgesia.
Dentre as ferramentas utilizadas para o controle da dor, estão a analgesia via cateter peridural e em breve, a bomba de PCA. Na Santa Casa de Maceió, nos procedimentos que são elegíveis, a peridural é deixada um cateter na coluna do paciente para administração manual, por parte da equipe médica e assistencial, de medicações no intraoperatório e pós-operatório. O cateter pode permanecer em média por três dias, mas, a depender da cirurgia, pode ficar até cinco dias.
“A analgesia é planejada desde o primeiro contato com o paciente na consulta pré- -anestésica, quando o médico fica sabendo sobre suas comorbidades, o tipo de cirurgia que vai ser realizada, e características mais específicas, como alergias a determinados medicamentos e experiências com cirurgias pregressas para que possamos fazer um raciocínio do intraoperatório e do pós-operatório. E isso inclui o cuidado com a analgesia pós-operatória”, ressaltou Lise Alencar.
“Com a utilização da bomba e PCA, o paciente ficará mais confortável, já que pode aplicar uma dose extra do remédio. Isso garante um melhor controle da dor, um menor consumo de medicações e muito menos efeitos colaterais, como náuseas e vômitos, constipação, tontura, e sonolência. É um avanço muito grande, pois conseguiremos oferecer um conforto maior ao pacientes que necessitam passar por cirurgias muito agressivas”, finalizou a anestesista.