Uma mulher de 59 anos recebeu, nesta quinta-feira (17), o 27º transplante de fígado realizado na Santa Casa de Misericórdia de Maceió. A instituição é credenciada desde 2020 pelo Ministério da Saúde para esse tipo de intervenção. A paciente se recupera na UTI Cirúrgica.
“Agradeço a Santa Casa de Maceió por esse marco para a medicina alagoana. São 27 transplantes realizados desde o início do Programa de Transplantes de Fígado, inciado em 2021. Só esse ano, dez pacientes foram beneficiados, fato que nunca ocorreu aqui em Alagoas. O hospital realmente está pronto para resolver todos os níveis de complexidade que existem nos casos cirúrgicos, e o transplante é uma grande prova disso”, disse o cirurgião Oscar Ferro, coordenador do Programa de Transplantes de Fígado do hospital.
A paciente beneficiada com a cirurgia havia sido diagnosticada com cirrose por depósito de gordura no fígado que se desenvolveu para um câncer chamado de hepatocarcinoma. Nessa situação, segundo o especialista, o transplante é a melhor saída. “Trata a doença de base, que é a cirrose, e o câncer de fígado de forma definitiva”.
Atualmente, 526 pessoas estão na lista de espera por um órgão em Alagoas. Destas, 509 pessoas aguardam por um transplante de córnea, 15 por um rim, um aguarda por um fígado e outro espera por um transplante de coração. O tempo médio para quem espera por um novo fígado é de 10 meses.
“Alagoas deu um avanço muito grande nas doações. Para se ter uma ideia, no Setembro Verde, fizemos a captação de 19 fígados. Ou seja, esse número está aumentando graças ao trabalho da Central de Transplantes e por nós médicos. Isso traz um conforto para o doente de receber seu novo órgão o mais breve possível, a exemplo da nossa 27ª transplantada, que saiu da lista de espera em apenas sete dias. Isso é muito positivo na história do transplante em Alagoas”, completou Oscar Ferro.
O tempo médio de uma cirúrgia de transplante é de cinco horas. A equipe multidisciplinar envolvida no procedimento de grande foi formada pelos cirurgiões Oscar Ferro, Aldo Barros, Filipi Augusto Porto Farias e Leonardo Soutinho; as hepatologistas Sarah Gameleira e Lívia Falcão; anestesiologistas da CAM – Clínica de Anestesiologis de Maceió; a enfermeira Roberta Ramires, e o médico intensivista, Iracildo Camelo. “Tudo isso mostra a dimensão do que é necessário para a realização de um transplante de fígado”, ressaltou Ferro.
A criação do Programa de Transplante de Fígado da Santa Casa de Maceió foi garantida pela Portaria Federal N° 313, expedida em 7 de abril de 2020. O credenciamento do Ministério da Saúde (MS), com o auxílio da Secretaria de Estado da Saúde, chegou ao hospital após cinco anos de captação do órgão (cirurgia de retirada) que é enviado para outros estados.
PROGRAMA – Para o pleno funcionamento do Programa de Transplantes da Santa Casa de Maceió, a família de pacientes com diagnóstico de morte encefálica confirmado tem papel fundamental. Mensagens por escrito deixadas pelo doador não são válidas para autorizar o procedimento. O processo de retirada de qualquer órgão só acontece após os familiares darem o aval da cirurgia, assinando um termo.
“Hoje a doação é feita pela família, que autoriza o processo. Por isso é importante, em casa, os familiares conversarem sobre esse assunto, expressando para seus pais, esposas e maridos, o desejo de doar. Na grande maioria das vezes isso é respeitado, salvando outras vidas”, finalizou o cirurgião Oscar Ferro.