“O serviço de transplante está sendo sedimentado em Alagoas. Estamos evoluímos gradativamente”. Essa é a visão do cirurgião Oscar Ferro, que comandou, no último dia 16, a equipe do Programa de Transplante de Fígado da Santa Casa de Maceió no quarto procedimento realizado no hospital, único no estado credenciado pelo Ministério da Saúde para o procedimento.
Dessa vez, a paciente foi uma mulher de 54 anos que sofria com doença policística e aguardava há dois meses na fila de espera da Central de Transplante de Alagoas. O doador era um homem de 42 anos que morreu vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O órgão foi doado após a confirmação da morte encefálica, por meio de três exames de constatação, e a entrevista com a família.
O número de transplantes no estado poderia ser bem maior, mas ainda esbarra no número baixo de doadores. “Nosso estado ainda tem poucas doações e isso se dá por fatores como a falta de divulgação de informações sobre o processo de captação do órgão e dúvidas sobre a segurança no diagnóstico de morte cerebral”, disse Ferro.
A cirurgia de alta complexidade foi financiada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), durou cerca de oito horas, e terminou sem intercorrências. Além de Ferro, o procedimento contou com os médicos Felipe Augusto, Leonardo Soltinho, Amanda Lyra, Larissa Borges, Cira Queiroz, além da equipe da UTI e da Enfermagem. A coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos, comemorou a realização de mais um procedimento no Estado e ressaltou a importância dos doadores avisarem os familiares do desejo da doação.
“A doação foi autorizada na terça e, ainda na madrugada, realizamos o quarto transplante de fígado no Estado. O procedimento foi realizado sem intercorrências e a paciente já se encontra em plena recuperação. É importante ressaltar que doar órgãos é um ato de amor. Por isso reforçamos o pedido que avisem seus familiares do desejo de ser um doador”, disse.
A lista de transplantes é única. Quem recebe o fígado primeiro é quem está mais grave e tem a mesma compatibilidade sanguínea. Atualmente, 473 alagoanos estão na fila de espera por novos órgãos: 363 aguardam córneas, 101 esperam por um rim, seis por um fígado e três por um coração.
Transplante de Órgãos – O doador vivo pode doar um rim, medula óssea, parte do fígado (em torno de 70%) e parte do pulmão (em situações excepcionais). Já um único doador falecido pode salvar mais de oito vidas, podendo doar coração, pulmão, fígado, os rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas. No Brasil, para doar um órgão basta comunicar à família sobre o desejo de ser doador para que ela possa autorizar posteriormente. Mas a recusa familiar ainda é alta: mais de 43% das famílias recusaram a doação de órgãos de seus parentes após morte encefálica comprovada, em 2020, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).