Há nove meses, uma senhora de 72 anos caiu e quebrou o ombro. Nesse intervalo, ela sofreu mais três quedas ampliando a gravidade da primeira lesão. No universo dos cirurgiões ortopédicos, casos assim são considerados esperados. No entanto, para recuperar a mobilidade da região, no último dia 13, a equipe de ombro do Serviço de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de Maceió aplicou um moderno tratamento para sanar sequelas de fratura de úmero proximal: o planejamento em 3D.
A técnica é pioneira em Alagoas. Foram pouco mais de 30 dias de preparação até o momento da cirurgia. Tempo utilizado para analisar exames de tomografia, encomendar a prótese de titânio que seria implantada, e receber o guia produzido em uma impressora 3D que orientou os profissionais no melhor posicionamento da prótese e fixação dos parafusos que seguram seus componentes.
Todo o planejamento e cirurgia foram conduzidos pelos ortopedistas da equipe de ombro do hospital: Humberto Medeiros, Hélio Ribeiro e Felipe Porciúncula. No procedimento, o guia feito em uma impressora 3D, personalizado e descartável, foi utilizado para ajudar os especialistas a passar o fio, as brocas e os parafusos. “O guia não é implantável, pois serve apenas para angulação dos parafusos que serão presos no osso da paciente (glenóide). Ele é feito com as medidas (em milímetros) da área do paciente a ser tratada e em material leve que permite que cirurgião trabalhe com mais exatidão”, explicou o ortopedista especialista em ombro, Humberto Medeiros.
“A tomografia nos auxilia a saber, com exatidão, como implantar a prótese. Com as imagens em 3D sabíamos, por exemplo, exatamente quantos milímetros deveríamos baixar a peça para o encaixe perfeito. Além disso, o exame computadorizado permite a indicação da quantidade parafusos serão utilizados, bem como a medida exata de cada um deles. Normalmente são usados cinco parafusos, mas no caso da nossa paciente foram necessários apenas três: um primeiro parafuso central, seguido pelo superior e finalizando com o mais inferior”, revelou Ribeiro.
A cirurgia durou duas horas entre retirada da placa que havia na paciente em razão da primeira queda, serragem do osso, e colocação da prótese. Ela é indicada para casos complexos e com tempo para o planejamento. Mas pode ser realizada, em casos excepcionais, em casos de urgência. “Uma cirurgia convencional, normalmente, leva de três a quatro horas para ser realizada. Com o guia, o procedimento diminui o tempo de intervenção, bem como as chances de um erro humano”, destaca Porciúncula.