As altas constantes dos preços de produtos e serviços essenciais vêm impactando o orçamento doméstico: do universo de 69,6% famílias endividadas, 86,8% delas comprometem entre 11% e 50% do salário com dívidas, isso quando o ideal é não ultrapassar o limite de 30%. Os números representam a realidade dos consumidores de Maceió e foram levantados pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), do Instituto Fecomércio AL em parceria a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
De acordo com o estudo, comparado com os primeiros meses do ano, o segundo trimestre fechou com uma média de endividamento 7% maior, aproximando-se cada vez mais da margem de 70%, algo visto somente nos meses de setembro e outubro do ano passado. Apesar disto, na variação mensal, o endividamento das famílias maceioenses manteve-se estável no mês de junho, crescendo apenas 1%.
Em números absolutos, 682 pessoas ingressaram para o rol de endividados entre maio e junho. Em relação aos endividados com contas em atraso, o famoso inadimplente, o aumento foi de pouco mais de 500 pessoas.
“Apesar do crescimento de endividados visto no primeiro semestre, Maceió ainda continua num patamar de pessoas endividadas mais baixo do que a média nacional”, avalia Victor Hortencio, assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL), ao mencionar que a pesquisa sobre o endividamento no âmbito nacional realizada pela CNC apontou que, em junho, 77,3% das famílias brasileiras estavam com dívidas e inadimplência tinha ultrapassando os 28%.
Em Maceió, com números continuam abaixo da média nacional, mas segundo o economista, são preocupantes por alcançarem quase 70% das famílias. Além disso, a inadimplência chegou ao patamar de 21%. Considerando que há um ano este mesmo percentual era de 18,8%, houve um crescimento de 25% no volume de endividados com contas em atraso. Das famílias que relatam possuir dívidas, 61,1% comprometem entre três e seis meses com compras parceladas ou financiamentos.
A estabilidade no endividamento em junho, mesmo em meio a um período de altas nos preços e grande apelo de consumo devido aos festejos e datas comemorativas, pode encontrar resposta no mercado de trabalho. “Analisando-se o cenário nacional e local, pode-se deduzir que o ânimo do mercado de trabalho, com cada vez menos restrições devido à pandemia, e as medidas pontuais de suporte à renda, a exemplo do saque extraordinário do FGTS e o aumento no valor do auxílio Brasil, contribuíram significativamente na contenção da taxa de endividamento”, avalia Victor. Some-se a isso o fato de que, entre junho de 2021 e maio de 2022, terem sido criados mais de 15 mil postos de trabalho em Maceió, com variação positiva de quase 8% ante o mesmo período do ano passado.