A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), para Maceió, demonstra que após um crescimento médio de 3,4%, de maio a setembro, o volume de pessoas com dívidas caiu 1,26%, em outubro. Os dados do levantamento realizado em parceria pelo Instituto Fecomércio AL e pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontam, ainda, que o volume de inadimplentes seguiu esse movimento e recuou de 58.841 (setembro) para 58.477 (outubro) pessoas com dívidas em atraso. Em termos técnicos, essas pequenas variações são consideradas estagnação.
Um dos fatores para este desempenho é a recente alta de juros e a consequente diminuição de concessões de créditos pessoais, segundo explica Victor Hortencio, assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL). “Como a Selic é a taxa referencial para o estabelecimento dos contratos de crédito, o aumento dos juros de 6,25% para 7,75% ao ano (a.a.), e a tendência mais de altas até o final do ano, desestimularam o crescimento de novas contratações de crédito, diminuindo ou freando o endividamento”, avalia ao explicar que este é um cenário nacional.
Com o recuo, o percentual de endividados é de 70,3%. Em termos absolutos, houve uma queda de 2.550 na quantidade de famílias com dívidas, saindo de 216 mil para 213 mil. Apesar disso, o indicador está 8,9% mais alto do que o registrado em outubro de 2020. Já as subcategorias continuam abaixo dos níveis vistos no ano passado: o percentual de endividados com contas em atraso era 21,9% e está 19,3%; e o volume dos que não terão condições de pagar, que chegou a 13%, encontra-se em 7,2%.
O cartão de crédito permanece de forma quase absoluta como o principal fator gerador de dívidas dos consumidores da capital, pois 99% das famílias que possuem dívidas fizeram uso desse recurso para adquirir bens e serviços. “Esse percentual está 1% ainda maior do que os 98,2% de setembro e mantém o maceioense fora da curva quando se refere ao uso do cartão de crédito, já que a média das outras capitais é de 84,9%, segundo a CNC”, observa o economista.
Como é possível se endividar com mais de um meio financeiro, o carnê ocupou a segunda posição com 25,3% da preferência; um aumento de 11,94% comparado aos 22,6% a setembro, indicando um possível reflexo da alta dos juros, já que os carnês surgem como alternativa ao crédito pessoal.
De acordo com a pesquisa, mais de 55% das famílias que possuem dívidas se comprometem entre três e seis meses com compras parceladas ou financiamentos e usam 30,3% da sua renda para pagar esses compromissos.