O cirurgião americano Rafael Andrade veio a Alagoas para conhecer a técnica desenvolvida por cirurgiões da Santa Casa de Maceió no tratamento de câncer de pulmão. O método foi apresentado durante o Congresso Latino-Americano de Tórax, realizado no Rio de Janeiro.
Antes dos anos 90, a cirurgia torácica era feita com uma grande incisão entre as costelas para se chegar ao pulmão. Com isso, os pacientes ficavam mais tempo no hospital e tinham mais dor. “Há mais ou menos 30 anos, a cirurgia minimamente invasiva começou a ser feita, o que significa dizer que com duas ou três pequenas incisões colocamos a câmara e os instrumentos e fazemos a mesma cirurgia, só que com menos dor e recuperação mais rápida”, contou Andrade.
O problema, segundo ele, é que esse tipo de cirurgia exige instrumentos caros, e esse é o impedimento principal para a adoção da técnica no mundo em desenvolvimento. “Foi assim que os cirurgiões da Santa Casa de Maceió reutilizaram técnicas antigas, que não precisam desses instrumentos, mas conseguiram aplicá-los à cirurgia moderna, minimamente invasiva”, disse.
“Existe o desejo de colegas no México e na Índia em aprender a técnica, pois todos têm os mesmos problemas que é a falta de recursos para pagar esses instrumentos caros. O conceito dessa técnica é simples, unir a cirurgia aberta com a feita por vídeo, mas a aplicação não é tão simples. Por isso vim dos Estados Unidos para aprender”, finalizou o especialista.
Existem dois tipos básicos de câncer de pulmão: o de células não pequenas, que muitas vezes pode ser tratado com cirurgia; e o de células pequenas, menos comum, e que é tratado com quimioterapia, radioterapia e/ou imunoterapia. “O câncer de pulmão é muito comum, uma das causas principais por morte por câncer no mundo inteiro. No Brasil, uma porcentagem de pacientes entre 30 e 40% podem ser tratados com uma cirurgia. A novidade desse método é a fusão de duas técnicas que já existem, a cirurgia aberta com a feita por vídeo”, disse Rafael Andrade.