A desigualdade de gênero está presente em diferentes áreas da ciência. Dados inéditos levantados pelo GEMAA, Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, mostram que mulheres continuam sub-representadas em várias disciplinas.
E mesmo naquelas com maior participação feminina, as cientistas costumam enfrentar mais obstáculos para subir na carreira acadêmica do que os homens.
Os pesquisadores deram o nome de efeito tesoura à redução da presença feminina numa determinada área mesmo quando há disponibilidade de mulheres com competência para desempenhar a função, como explica Luiz Augusto Campos, coordenador do GEMAA e pesquisador apoiado pelo Instituto Serrapilheira.
Outros exemplos também mostram que as mulheres formadas em ciência não estão chegando ao topo da carreira.
A área de ciências agrárias já alcançou a igualdade de gênero no doutorado, com 51% de doutoras. Mas apenas 25% dos docentes dessa disciplina nas universidades do país são mulheres. Zootecnia e recursos pesqueiros tem números similares.
Luiz Augusto Campo destaca ainda que há áreas bastante desiguais que não apresentam o efeito tesoura, mas sim uma baixa presença de mulheres em geral.
O pesquisador ressalta que os dados ajudam a entender em quais grupos as políticas de equidade devem atuar e que algumas áreas demandam investimentos tanto na contratação de professoras mulheres quanto na formação de mais doutoras.
Entre as áreas que já alcançaram a igualdade de gênero nas duas atividades estão arquitetura e urbanismo, história e artes.