Uma paciente de 90 anos foi a primeira a receber um transplante musculoesquelético de membro superior em Alagoas. O enxerto de úmero proximal foi realizado na última sexta-feira (19), na Santa Casa de Maceió, utilizando tecido do Banco de Tecidos Músculoesqueléticos do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro, órgão ligado ao Ministério da Saúde.
O procedimento movimentou o centro cirúrgico do hospital, que, sob o comando do cirurgião ortopédico, Hélio Ribeiro, foi realizado em 2h30 horas e contou com a participação dos especialistas Rogério Nascimento, Hilton Barros e Luís Renato Pedrosa, das enfermeiras Roberta Ramires e Cecília Tenório Silveira de Albuquerque, dos anestesistas Fabrício Osman Quixadá e Natália Gaia, e dos instrumentadores Raimundo Araújo e Guilherme Tell.
“Realizamos um marco histórico para a medicina em Alagoas com o primeiro transplante musculoesquelético (transplante ósseo), uma técnica difundida há mais de 20 anos, mas, que, diferentemente do transplante de órgãos, como rim, coração e fígado, não é muito divulgada. A cirurgia foi possível com autorização em caráter excepcional do Ministério da Saúde via Into”, detalhou Ribeiro.
As fraturas proximais do úmero são especialmente comuns entre os idosos, representando de 5 a 10% de todos os casos. A paciente em questão já havia passado por uma artroplastia no ombro, mas que acabou sofrendo uma reabsorção no local, necessitando do transplante, já que não havia implante para revisar a prótese.
De acordo com Ribeiro, a equipe da Santa Casa de Maceió já tem todo o processo de credenciamento junto ao Ministério da Saúde e ao Into para ser transplantadora em Alagoas. “Já passamos toda fase documental e estamos terminando algumas questões burocráticas e aguardando a sensibilidade do governo do estado para que possamos ser o centro de referência de transplantes musculoesquelético, tendo em vista que a instituição é um hospital quaternário, realiza os transplantes de fígado, coração e rim”, destacou.
Para a cirurgia, a equipe do hospital fez um planejamento através dos exames radiográficos realizados na paciente e enviados para a equipe do Into. Após análise, o material foi selecionado e transportado de avião do Rio de Janeiro até Maceió e depois acondicionado nos freezers do hospital a menos 30°C. Embebido em solução fisiológica, o tecido foi descongelado 30/40 minutos antes de ser implantado no paciente.
“A paciente estava com muita dor, com limitação funcional importante e pela avaliação não seria possível fazer uma revisão na cirurgia adequada para tirar essa dor e essa limitação. Conseguimos com esse enxerto remontar toda a estrutura óssea do braço. Agora é esperar o processo de cicatrização e reabilitação, que é um período mais longo. No caso da dor, com certeza, ela terá um alívio importante”, explicou Hélio Ribeiro.