Algumas pessoas são naturalmente mais resistentes ao vírus por causa do material genético. É o que aponta um estudo feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP).
Tendo isso em vista, a geneticista Mayana Zatz explicou que a resistência pode ser uma resposta rápida do organismo, mais especificamente das células de defesa denominadas “natural killers” (NK).
“Essas células seriam os nossos defensores naturais. E qual a explicação? É que nas pessoas que são sintomáticas, que desenvolveram sintomas, haveria uma demora para acionar essas células. Já nas pessoas resistentes, essa resposta seria mais rápida. Não é um mecanismo simples, sabemos que tem outros genes e outros mecanismos envolvidos”, explica.
Os pesquisadores fizeram um estudo genômico de cerca de 80 casais que possuíam exames positivos para a doença em apenas um dos parceiros. “Estudamos o genoma desses casais, comparando os infectados que tiveram sintomas e os assintomáticos”, diz Mayana.
Leia também:
Como posso saber se já fui infectado com a Ômicron?
A geneticista diz que não é raro as pessoas terem genes de proteção, mas isso não exclui a importância da vacina.
“Todo mundo tem que tomar a vacina, a dose de reforço é extremamente importante. Crianças também devem tomar a vacina. As vacinas melhoram o nosso sistema imune, mesmo em pessoas geneticamente predispostas a ter mais resistência”, alerta.
Os pesquisadores também estão analisando material genético de nonagenários e centenários que tiveram formas leves da covid-19 ou ficaram assintomáticos.
Nova tática
Entender como algumas pessoas resistem naturalmente à infecção por covid-19, apesar de estarem claramente expostas ao vírus, pode levar a vacinas melhores, afirmam pesquisadores.
Uma equipe da University College London (UCL), no Reino Unido, diz que alguns indivíduos já apresentavam um grau de imunidade à covid antes do início da pandemia.
Isso provavelmente é resultado do seu corpo ter aprendido a combater vírus relacionados àquele que varreu o mundo.
Atualizar as vacinas para copiar esta proteção pode tornar os imunizantes ainda mais eficazes, segundo a equipe.
Os imunizantes são amplamente voltados para a proteína spike, que cobre a superfície externa do vírus causador da covid. No entanto, estas raras células T foram capazes de olhar dentro do vírus e encontrar as proteínas necessárias para sua replicação.
“Os profissionais de saúde que conseguiram controlar o vírus antes de ser detectado eram mais propensos a ter essas células T, que reconhecem o maquinário interno, antes do início da pandemia”, acrescentou o pesquisador Leo Swadling.
“Os profissionais de saúde que conseguiram controlar o vírus antes de ser detectado eram mais propensos a ter essas células T, que reconhecem o maquinário interno, antes do início da pandemia”, acrescentou Swadling.
Estas proteínas internas são muito semelhantes em todas as espécies relacionadas de coronavírus, incluindo aquelas que estão disseminadas e causam sintomas de resfriado comum.
Isso significa que mirar nestas proteínas com uma vacina pode oferecer alguma proteção contra todos os coronavírus e novas variantes.
Fonte: Jornal O Sul