Realidade para cerca de 10% das mulheres que menstruam, a endometriose causa dores e incertezas, podendo influenciar na fertilidade de 30 a 50% delas. A Santa Casa de Maceió buscou o auxílio do ginecologista Felipe Albuquerque e do cirurgião oncológico Claudemiro Neto para esclarecer dúvidas sobre um problema que afeta mais de 7 milhões de brasileiras e interfere de maneira drástica na qualidade de vida.
Em algumas mulheres, a endometriose pode se mostrar assintomática, mas, na maioria dos casos, a sintomatologia envolve dor e inchaço na região pélvica, comumente relacionados ao período menstrual; dor durante a relação sexual; dor ao urinar; alterações nos hábitos intestinais; e, frequentemente, infertilidade. No entanto, a apresentação clínica é muito variável e nenhum desses sintomas é específico para a doença, dificultando o diagnóstico.
“É uma doença considerada benigna, mas, em raras ocasiões, pode estar acompanhada por tumores malignos, especialmente tumores que se originam no tecido endometrial (revestimento interno do útero) e ovários, dependendo do nível de progressão e órgãos adjacentes afetados. O principal objetivo do tratamento clínico é o alívio da dor e a melhora da qualidade de vida, não se esperando diminuição das lesões ou cura da doença, mas sim o controle do quadro clínico”, disse o ginecologista Felipe Albuquerque.
Na endometriose, fragmentos do tecido endometrial surgem em outras partes do corpo, principalmente na região pélvica. Os ovários e os ligamentos que sustentam o útero são locais onde o tecido endometrial ectópico costuma se desenvolver e, com menos frequência, ele pode aparecer nas trompas de Falópio. Porém, às vezes o tecido endometrial ectópico também surge em outras regiões da pelve (por exemplo, a bexiga) e do abdômen (por exemplo, o intestino) ou, em casos raros, ele pode ser encontrado nas membranas que revestem os pulmões ou o coração.
A escolha do tratamento dependerá da gravidade dos sintomas, da extensão e localização da doença, do desejo de engravidar e da idade da paciente. Pode ser medicamentoso, cirúrgico ou, ainda, a combinação de ambos. “O uso de progestagênios de forma contínua resulta em bloqueio do ciclo menstrual e tem efetividade no tratamento da dor pélvica decorrente da endometriose. São medicações orais que podem ser utilizadas de forma contínua e, se utilizadas de forma isolada, não aumentam o risco de trombose. Existem outras opções de tratamentos clínicos e a escolha deve ser individualizada de acordo com a necessidade de cada paciente”, explicou o especialista.
No final desta semana, o cirurgião oncológico Claudemiro Neto explicará as etapas do tratamento cirúrgico da endometriose profunda. “A abordagem deve ser realizada de forma multidisciplinar, portanto, é importantíssimo que a paciente tenha assistência especializada de profissionais da área de enfermagem, nutrição, fisioterapia e psicologia, desde o pré-operatório até o seguimento de todas as pacientes”, adiantou o especialista.