Uma dor “cansada”, que não passa. Alterações intestinais, síndrome da perna inquieta, depressão, aumento da sensibilidade ao frio, alterações visuais, insônia, falta de memória, tonturas… Quando o médico recebe esse tipo de relato, o alerta recai sobre fibromialgia ou fadiga crônica, doença incapacitante que aflige cerca de quatro milhões de pessoas no Brasil, mas que pode ser confundida com outros problemas de saúde.
De acordo com o reumatologista da Santa Casa de Maceió, Georges Basile Christopoulos, não existe uma causa definida da fibromialgia. “Sabemos que existe uma maior sensibilidade a dor, muito provavelmente relacionada a alguma má função de origem neurológica central. O médico chega ao diagnóstico utilizando critérios propostos pelo Colégio Americano de Reumatologia em 2016, onde se observam vários pontos como dor generalizada, tempo de aparecimento, dentre outros. E também afastando outras doenças que podem apresentar sintomas semelhantes”, explicou.
Os médicos suspeitam do quadro quando há dor generalizada e crônica por mais de três meses e presença de desconfortos ao se palpar 11 de 18 pontos mapeados e distribuídos aos pares pelo corpo. Estudos indicam que a condição tende a se manifestar após traumas físicos ou psicológicos ou mesmo após uma infecção mais grave.
Existem várias dimensões relacionadas ao tratamento. A primeira diz respeito a informação de qualidade que o paciente deve ter acesso. “Quanto melhor o conhecimento, mais o paciente pode participar das decisões relevantes em relação a sua doença”, reforçou Christopoulos. Dos casos registados no país, entre 75% e 90% são mulheres. A faixa etária mais comum vai dos 30 aos 60 anos.
Diferente do que muitos pensam, colocar o corpo em movimento ajuda a controlar a dor. Existem várias abordagens que o médico pode orientar para que o paciente possa realizá-los, mesmo na presença de dor. A hidroterapia, por exemplo, alia os benefícios da termoterapia e da cinesioterapia facilitando a realização dos movimentos com o menor impacto possível. Os pacientes trabalham a musculatura e têm a sensação de relaxamento.
“Terapias psicológicas, sempre são bem vindas, principalmente as cognitiva-comportamentais, intervenções de realidade virtual, biofeedback, etc. E, por fim, existem diversas medicações que podem ser utilizadas, com resultados maravilhosos. A escolha é sempre feita caso a caso”, afirma Georges Basile Christopoulos.
Pessoas com fibromialgia tem o direito de receber atendimento integral pelo SUS (incluindo tratamento multidisciplinar nas áreas de medicina, psicologia e fisioterapia) e acesso a exames complementares e a terapias reconhecidas, inclusive fisioterapia e atividade física.