Dormir mal ou por tempo insuficiente é uma das maiores reclamações entre os brasileiros que já iniciam o dia com a sensação de cansaço. As preocupações do cotidiano são as primeiras “culpadas” pelo descanso insuficiente. Mas há uma doença que tira o sono e pode trazer consequências sérias para a saúde. Trata-se da Apneia Obstrutiva do Sono (AOS). Ela acomete qualquer etnia, cor, gênero ou classe social, e está presente em todo o mundo. No Brasil, atinge a vida de quase 50 milhões de pessoas.
Apesar do elevado número de doentes somente cerca de 10% são diagnosticados. “A maioria das pessoas que tem apneia obstrutiva do sono apresenta colapsos intermitentes de vias aéreas superiores durante o sono acarretando em obstruções totais, que são as apneias, e as hipopneia, que são as paradas parciais com a redução do fluxo respiratório. Normalmente, o paciente apresenta ronco e pode acordar no meio da noite com engasgo e falta de ar. Durante o dia, acorda com sonolência, pode ter dor de cabeça, dificuldade de concentração, e ficar muito irritado, e isso tudo tem graves consequências”, explicou a otorrinolaringologista da Santa Casa de Maceió, Katianne Wanderley.
A apneia do sono é uma doença crônica que também pode ocorrer também devido a má condição de estilo de vida do paciente. Durante a apneia, as pausas respiratórias levam ao aumento do esforço respiratório e geram redução da pressão intratorácica que aumenta a pressão transmural do ventrículo e causa quedas cíclicas da saturação, ou seja, da quantidade de oxigenação, e faz uma hipóxia intermitente e micro despertares gerando um sono fragmentado e de baixa qualidade, levando a sérias repercussões cardiovasculares adversas.
Nos pacientes com hipertensão arterial sistêmica, por exemplo, 30% apresentam apneia obstrutiva do sono. Já nos hipertensos resistentes e os que têm síndrome metabólica, esse número salta para cerca de 70% a 90% de AOS. A doença é uma das causas de manutenção de casos cardiovasculares, como também existe uma associação de arritmias e de outras patologias sistêmicas.
A polissonografia é o exame utilizado para o melhor o diagnóstico do problema. Ela e é feita durante uma noite de sono, com monitorização contínua de variáveis eletrofisiológicas a fim de caracterizar a quantidade e a qualidade do sono. São feitos eletrocardiograma para registro de frequência e ritmo cardíacos e a medida da saturação arterial de oxigênio.
Entre os tratamentos estão s mudança comportamental para eliminar os fatores de risco para apneia obstrutiva do sono e incluem higiene de sono, perda de peso, abstinência de álcool no período noturno, bem como suspensão do uso de sedativos. Também são utilizados a terapia com pressão positiva nas vias aéreas, medicamentoso com drogas estimuladoras da ventilação, e terapia cirúrgica, esta última reservada para casos mais graves.
“Dormir é uma das necessidades biológicas mais importantes do nosso corpo. Para que se tenha um dia produtivo, é necessário ter uma boa noite de sono, pois é vital para o funcionamento do metabolismo, para uma mente saudável, para o melhor rendimento nas relações pessoais e profissionais, além de evitar doenças crônicas. Ou seja, durante o sono, o corpo exerce funções restauradoras”, reforçou a especialista.
DICAS Entre as principais medidas para uma boa noite de sono é definir horários para dormir e despertar. Não é saudável modificar esses horários, como dormir e acordar muito tarde nos finais de semana. Também se deve evitar os cochilos diurnos. Outro ponto importante é que o ambiente de dormir seja adequado, o ideal é que o quarto fique localizado longe de barulho, tenha temperatura e iluminação adequadas, e decoração sem cores vivas, pois elas atrapalham o desenvolvimento das fases mais profundas do sono. Evitar fazer o uso de álcool, café, chás pretos e refrigerantes próximo ao horário de deitar, bem como evitar nicotina, pois podem atrapalhar a arquitetura do sono.