Juciê Feitosa, aluno surdocedo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), apresentou Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Administração e vai ser diplomado bacharel em Administração, no Campus Arapiraca.
“Ser o primeiro é sempre muito desafiador em todos os sentidos, você tem que lutar por cada coisa e abrir o caminho que ninguém nunca passou”, explicou o acadêmico à assessoria de Comunicação da Ufal.
Para chegar ao diploma de curso superior, Juciê diz ter enfrentado muitas adversidades: da falta de conhecimento sobre a surdocegueira, de falta de acessibilidade de modo, etc.
“É extremamente gratificante poder contribuir com a conquista de um aluno tão esforçado e que não se deixou abalar pelas dificuldades que o cercavam”, ressaltou seu orientador, Fabiano Santana.
Apoio familiar
Uma das principais responsáveis pela conquista é a sua irmã, Vanessa Feitosa. Em diversos momentos, ela foi olhos, ouvidos, boca, coração e muita emoção durante a jornada acadêmica do irmão.
Ela não só traduziu e interpretou através de libras-tátil como também foi guia para todos os lugares dentro do campus, além de ter mantido contato com a direção para viabilizar a acessibilidade.
“Também o acompanhei no estágio e em todas as visitas técnicas feitas pela turma”, comentou Vanessa. “É possível superar todos os desafios que enfrentei”, avisa Juciê Feitosa.
Nasceu surdo e perdeu visão
Juciê nasceu surdo. Aos sete anos, começou a estudar numa sala especial apenas com surdos de todas as idades. Aprendeu Libras e ensinou a irmã. Sua mãe aprendeu o idioma também.
“Enfrentei dificuldades para concluir meus estudos porque, por muitas vezes, fiquei sem intérprete de Libras em sala, contando com a colaboração de colegas. Até então, eu era apenas surdo e usava óculos de grau”, contou.
Ainda no ensino médio, detectou-se que Juciê havia perdido 80% da visão por causa da morte e atrofia de células oculares. Ele superou esta barreira e se mudou para estudar em Maceió.
Conseguiu aprovação para o curso de Letras-Libras, na Ufal. Cursou até o terceiro período, mas precisou regressar a Arapiraca por questões de acessibilidade e segurança.
Opção por Administração
A partir de então, e à medida que perdia totalmente a visão, optou pela curdo de Administração, no Campus Arapiraca, onde enfrentou e superou todos os desafios acadêmicos.
“Sempre foi muito determinado e não queria ser beneficiado por conta da deficiência. As atividades e provas eram as mesmas que os demais colegas”, disse o professor Fabiano Santana.
Fonte: ALNB