O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Alagoas enfrentou um desafio significativo ao registrar, de janeiro a dezembro de 2023, um total alarmante de 72.757 trotes telefônicos. Esse número supera em 60% os legítimos atendimentos no mesmo período, que foram de 45.531. A Central de Maceió coordena 16 bases descentralizadas espalhadas pela I Macrorregião de Alagoas, incluindo cidades como Penedo, Ouro Branco, Delmiro Gouveia, Pão de Açúcar, Santana do Ipanema, Palmeira dos Índios, entre outras.
Com uma infraestrutura notável, Alagoas é um dos poucos estados do Brasil a possuir 35 bases descentralizadas, garantindo cobertura em todas as regiões do estado, com uma base a cada 30 km. Apesar desse esforço, os trotes representam um sério problema, comprometendo os serviços de emergência.
O secretário de Estado da Saúde, médico Gustavo Pontes de Miranda, destaca a gravidade dos trotes. “Quando alguém liga para o Samu e passa um trote, uma ambulância é encaminhada para uma ocorrência que não existe. Neste mesmo momento, alguém que precisa pode deixar de receber atendimento e perder sua vida por conta desta prática criminosa”, alertou.
A coordenadora do Samu de Maceió, a enfermeira Beatriz Santana, reforça a importância de coibir esses comportamentos. “Trote é crime e o Samu é um serviço essencial de urgência. Enquanto uma pessoa que realmente estava precisando de atendimento esperava, as nossas ambulâncias estavam em ocorrências falsas por conta dos trotes. Precisamos conscientizar a população e principalmente as crianças sobre a importância do serviço móvel de urgência”, disse.
Os trotes prejudicam diretamente o serviço de atendimento, conforme ressalta Luiz Henrique, coordenador do Samu de Arapiraca. “Quando recebemos um trote, encaminhamos uma ambulância para verificar e com isso é uma ambulância a menos para fazer o socorro de quem realmente precisa. Por isso, sempre orientamos e pedimos para que os pais alertem as suas crianças sobre a importância de não passar trotes, porque isso pode levar à morte de alguém que realmente está precisando de atendimento”, alertou.
O trote telefônico para serviços de urgência é considerado crime, conforme o artigo 266 do Código Penal Brasileiro. O infrator pode ser condenado a uma pena de detenção de um a três anos e pagamento de multa. Em situações de calamidade pública, como enchentes, as penalidades podem ser duplicadas.
Uma iniciativa importante para combater o problema é o projeto “Samu nas Escolas”, desenvolvido em 2014, que conscientiza crianças e adolescentes sobre os sérios prejuízos provocados pelos trotes. É crucial que a população seja educada sobre a importância do serviço de urgência e emergência e os danos causados por essas práticas. Ações educativas, como o “Samu nas Escolas”, desempenham um papel fundamental na redução desse problema.