Nos dias 10 e 11 deste mês, 286 reeducandos do sistema prisional alagoano participaram do Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem-PPL) de 2022. O número é maior que o registrado em 2021, quando contou com 272 participantes.
As provas foram aplicadas sem nenhuma intercorrência, em todas as unidades prisionais. Alagoas tem se destacado no número de aprovados, atingindo a marca de 60 detentos, nos últimos cinco anos.
O Enem PPL é o exame nacional de ensino médio destinado aos adultos submetidos a penas privativas de liberdade e a adolescentes sob medidas socioeducativas, que incluam privação de liberdade. As provas são aplicadas, anualmente, nas unidades prisionais e socioeducativas de cada estado. A divulgação do resultado do Enem PPL 2022 acontece no dia 13 de fevereiro deste ano.
Alessander Leal, que prestou pela primeira vez o exame em 2011, foi aprovado para o curso de Letras da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Como ainda estava no regime fechado, não conseguiu frequentar o curso.
Em 2018, ele voltou a se submeter à prova, obteve a aprovação e utilizou a nota do exame nacional para iniciar o curso de Letras pela Universidade Norte Paraná (Unopar), na modalidade EAD, concluindo a graduação em 2022.
Dois anos depois, em 2020, Alessander havia participado de mais uma edição da prova e conseguiu outra aprovação, sendo que desta vez para o curso de Filosofia da Ufal, e já está cursando o quarto período. No entanto, ele não parou por aí. Este ano, ele participou pela sétima vez do exame. Sua meta agora é conseguir a aprovação para o curso de Direito.
“O Enem foi à porta de entrada para a minha mudança de postura e me trouxe cada vez mais conhecimento. Hoje, já estou formado e tenho planos de compartilhar meu conhecimento com os reeducandos do semiaberto, ofertando aulas para eles. Mas não quero parar por aqui, minha próxima meta é cursar Direito e me tornar um advogado”, concluiu Leal.
A policial penal e gerente de Educação, Produção e Laborterapia da Secretaria de estado da Ressocialização e Inclusão Social (Seris), Cinthya Moreno, enfatizou a importância da oferta de educação aos reeducandos, desde o ensino fundamental até o Enem.
“A aplicação do Enem no sistema prisional é a possibilidade de o reeducando alcançar o acesso ao ensino superior em uma universidade de qualidade, uma vez que a maioria dos que chegam aqui não teve acesso à educação. Por isso, quando registramos um aumento no número de inscritos, isso já demonstra a efetividade do trabalho realizado dentro das unidades prisionais, que já está dando frutos, provando que a educação é um dos principais instrumentos de ressocialização”, concluiu a gestora.
*Com informações da assessoria