A baixa adesão à vacinação contra a meningite em Alagoas preocupa infectologistas, que alertam para o risco de aumento no número de casos. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), 75,8% das crianças menores de um ano foram imunizadas contra a doença em 2021, percentual abaixo da meta do Ministério da Saúde, que era de 95%, e a situação deve se repetir em 2022.
A meningite é uma doença que pode deixar sequelas, como perda da audição e visão, epilepsia e paralisia cerebral. Em casos mais graves, pode até matar. Ao menos quatro estados brasileiros já registraram surtos da doença este ano, sendo que São Paulo apresenta a situação mais crítica.
A vacina meningocócica C (Conjugada) já faz parte do calendário básico de imunização de crianças menores de 1 ano. Em julho, o público-alvo foi ampliado para crianças de 5 a 10 anos e profissionais da saúde, até fevereiro de 2023.
Meningite é uma inflamação na meninge, uma membrana que envolve o cérebro e pode acometer pessoas de todas as idades.
A doença pode ser transmitida por via respiratória por meio de gotículas que se dissipam no ar quando a pessoa fala, espirra ou tosse, por exemplo. Em casos mais raros, a contaminação pode acontecer através de água contaminada.
De janeiro a setembro de 2022, Alagoas confirmou 33 casos de meningite e três mortes causadas pela doença. Os números são menores que os registrados no ano passado, de 48 casos e 9 mortes. A Sesau ainda não tem um balanço da cobertura vacinal neste ano, mas reconhece que a procura tem sido baixa.
O infectologista Renee Oliveira destaca que a melhora nos números ao longo dos anos é um reflexo do avanço da vacinação. Por isso, a diminuição na cobertura vacinal representa um risco.
Ele explica que, apesar de crianças menores de um ano de idade apresentarem maior risco de adoecimento, os adolescentes e adultos jovens são os principais responsáveis pela manutenção da circulação da doença.
De acordo com Renee, a meningite bacteriana costuma ser mais grave que a viral. Nos dois casos, podem aparecer sintomas como dor de cabeça, febre muito alta, rigidez no pescoço, náusea, vômito e até convulsão. “Quando apresenta manchas no corpo, é um sinal de alerta de gravidade altíssimo”.
Segundo o infectologista, a doença pode deixar sequelas graves.
“Se for infecção por meningococo, existe o risco da meningococemia, que é a disseminação da bactéria por todo o corpo. Nesses casos, existe um risco grande de sequela neurológica e até mesmo uma amputação, em caso de vasculite causada pela bactéria”, explicou.
Como se vacinar contra meningite em Maceió
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que existem três imunizantes no sistema público de saúde que protegem contra a meningite. As vacinas estão disponíveis em todos os postos de saúde a qualquer época do ano, não é preciso esperar a campanha nacional.
Vacina meningocócica (Conjugada) – protege contra a doença meningocócica causada por Neisseria meningitidis do sorogrupo C. Como tomar:
- Crianças a partir de 2 meses recebem duas doses, sendo a primeira aplicada aos 3 meses de idade e a segunda, aos 5 meses. Também são indicadas 3 doses de reforço, sendo uma entre 12 e 15 meses, outra entre 5 e 6 anos e mais um entre 11 e 12 anos de idade.
- Crianças e adolescentes de 10 a 19 anos, caso não tenham recebido a vacina na infância, são recomendadas 2 doses com um intervalo de 5 anos. Caso tenham tomado pelo menos uma dose antes dos 10 anos, é recomendado uma dose de reforço aos 11 anos ou com um intervalo de pelo menos 5 anos após a última dose.
- Entre 20 e 59 anos, apenas uma dose é recomendada e a sua indicação depende da situação epidemiológica.
Vacina pneumocócica 10-valente (Conjugada) – protege contra as doenças causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite. Como tomar:
- Crianças até 5 anos de idade recebem duas doses da vacina, sendo uma aos 2 e outra aos 4 meses, seguidas de um reforço aos 12 meses de idade
Pentavalente – protege contra as doenças causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo B, como meningite, além de difteria, tétano, coqueluche e hepatite B. Como tomar:
- Crianças a partir de 2 meses de idade recebem 3 doses, que são aplicadas aos 2, 4 e 6 meses. Também pode ser indicado um reforço entre 12 e 18 meses de idade.