Na tarde desta segunda-feira, 11, o plenário da Assembleia Legislativa foi palco de uma sessão especial que promoveu um debate sobre Saúde Mental e Políticas de Prevenção e Pós-Prevenção ao Suicídio. Proposta pelo deputado Ronaldo Medeiros (PT), a sessão reuniu professores, acadêmicos e profissionais da Saúde para discutir sobre este tema delicado e que ainda é tabu na sociedade brasileira. “O mal do século são as doenças mentais, e precisamos acabar com esse estigma”, iniciou o parlamentar, afirmando que muitas pessoas sofrem e, ainda assim, parte da sociedade lida de forma errada com a questão.
“O padrão de comportamento do ser humano exige uma mente diferente. E essa adaptação da sociedade, esse corre-corre e todas as exigências fazem com que o ser humano adoeça”, completou o proponente. “É importante que o Estado brasileiro tenha políticas públicas para amparar as pessoas, para que se identifiquem os casos logo no início, para não chegarmos ao extremo, que é quando perdemos pessoas”, prosseguiu o deputado.
Presente na sessão, o deputado Lelo Maia (União Brasil) parabenizou a iniciativa do colega, reforçando que as doenças psíquicas existem há muito tempo e não devem ser ignoradas. “Se alguém te pedir ajuda, estenda a mão. A doença da mente é oculta e na maioria dos casos é de difícil identificação”, prosseguiu Maia, que parabenizou ainda a atuação do Governo do Estado de Alagoas nesta área.
A parlamentar Gabi Gonçalves (PP) também usou da palavra durante a sessão. Ela apresentou dados da Organização Mundial de Saúde que apontam o registrado de mais de 700 mil suicídios em 2019 em todo o mundo . “No Brasil os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, uma média de 38 pessoas todos os dias. São informações assustadoras. Enquanto representantes da sociedade precisamos lidar com esse problema e buscar os meios para atingir o bem-estar e a saúde mental dignas para nossa sociedade”, concluiu a deputada.
O secretário de Saúde do Estado de Alagoas, Gustavo Pontes, afirmou que a prioridade da pasta é a implementação da rede de assistência psicossocial. “Já tivemos algumas reuniões com o Tribunal de Justiça. Nós temos hoje 31 leitos destinados à atenção à saúde mental e queremos chegar aos 129 leitos. Esse projeto está sendo conduzido, inclusive já fizemos o orçamento”, afirmou o secretário, projetando um investimento anual em torno de 5 milhões e 804 mil reais, só para a saúde mental”.
A coordenadora do Núcleo de Defesa da Saúde Pública, a procuradora Micheline Tenório, lembrou que estamos no Setembro Amarelo, mas que o tema precisa ser discutido de janeiro a janeiro. “É necessário falar o ano todo sobre a valorização da vida e do autocuidado. Não é apenas conversar, é também agir e ter serviços que tratem, além de uma linha muito clara e estabelecida do que fazer nos serviços de Saúde, sempre possibilitando à população ter acesso aos tratamentos”, declarou a procuradora.
Delza Gitai, coordenadora do Centro de Valorização da Vida (CVV) e do Comitê de Prevenção e Pós-Prevenção ao suicídio em Alagoas, foi quem sugeriu ao deputado Ronaldo Medeiros a realização da sessão em referência a 10 de setembro, Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. “O Centro de Valorização da Vida já tem 61 anos no Brasil. É uma rede com mais de 100 postos, também atendendo através da internet. Há um trabalho na rua, que é o CVV Comunidade, e nós atendemos pelo número emergencial, 188, um número que você pode ligar de qualquer tipo de telefone, gratuitamente. Na ligação, a pessoa que o atende foi capacitada e tem genuino interesse em acolher, em compreender, em aceitar”, informou Gitai.
Da sessão sairá um documento sobre políticas públicas de abordagem ao tema, para que possa ser apresentado um projeto de lei que cria a política de bem-estar em Alagoas.
Ainda estiveram presentes ao evento a assessora técnica da Gerência de Ações Estratégicas da Sesau, Ana Victória de Andrade; a supervisora de Atenção Psicossocial de Alagoas (Suap/Sesau), Tereza Cristina Vidal; o representante da Comissão de Direito Médico da OAB, Lucas Sobral; a fundadora e presidente da Cavida (Centro de Promoção à Saúde, Educação e Amor à Vida), Wilzalclear Rosa; o membro do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Consems), Ewerton Matias; e a fundadora e presidente da ONG Raízes da África, Arisia Barros.