Em apenas seis meses de implantação, o Programa de Cirurgia robótica da Santa Casa de Maceió celebrou, no último dia 6 de setembro, os 100 primeiros procedimentos cirúrgicos utilizando o robô Da Vinci. A paciente beneficiada com a técnica tem câncer no intestino e precisou passar por uma retossigmoidectomia, que consiste na ressecção do reto e do cólon sigmóide.
Para o cirurgião oncológico Claudemiro Neto, a sensação de ser o responsável pela centésima cirurgia robótica realizada em Alagoas é de muita felicidade. “É muito bom poder contribuir na evolução da medicina, especificamente, na cirurgia oncológica. Hoje, em nosso estado, temos a oportunidade oferecer o melhor aos nossos pacientes no ponto de vista oncológico, que é a cirurgia robótica. Com ela conseguimos fazer o procedimento com uma qualidade melhor, garantindo uma recuperação plena. Normalmente a recuperação é melhor, pois o paciente tem menos dor no pós-operatório. Essa cirurgia aconteceu sem intercorrências, evoluímos dieta para o paciente e, provavelmente, deve ir para casa em poucos dias”, disse o especialista.
De acordo com o cirurgião, na sua área, a robótica tem sido muito aplicada em cirurgias na pelve. “Nessa região sabemos que a cirurgia robótica ginecológica e de câncer de intestino beneficia, principalmente, pacientes com biótipos acima do peso. No dia anterior à cirurgia e número 100, fizemos dois procedimentos de histerectomias, que, não conseguíramos fazer por vídeo, pois eram pacientes com IMC elevadíssimo”, destacou.
Gustavo Mendonça, coordenador do Programa de Cirurgia Robótica da instituição, ressaltou que, assim como havia falado em fevereiro, quando foi realizada a primeira cirurgia, havia a certeza de que o programa seria um sucesso.
“Acredito que tudo é fruto de uma equipe treinada e o apoio irrestrito do hospital. Cem cirurgias robóticas em pouco mais de seis meses de programa é um número que representa um crescimento meteórico e sabíamos que na Santa Casa de Maceió isso não seria diferente. Mais uma vez, o hospital se consolida em um tipo de procedimento, em um tipo de tecnologia, mantendo a vanguarda que sempre teve no estado de Alagoas”, afirmou o cirurgião urológico.
De fevereiro para cá, foram realizadas cirurgias urológicas, tórax, bariátricas, uroginecológicas, e oncológicas. “São várias equipes envolvidas e entusiasmadas com essa tecnologia, fazendo com que o número de intervenções cresça cada vez mais. Tenho certeza que a de número 200 iremos comemorar em menos de seis meses”, ressaltou Mendonça.
CAPACITAÇÃO – Controlado pelo cirurgião, que opera a partir de um console, o da Vinci é um sistema cirúrgico completo. Um monitor exibe para o especialista a cavidade a ser operada, com imagens em 3D ampliadas em até 15 vezes, com alta definição. Do console, o médico executa os movimentos cirúrgicos replicados e aperfeiçoados pelos quatro braços do robô.
O hospital contou com um grande esforço dos médicos e da equipe multiprofissional, que passaram por capacitações para que o programa fosse efetivado. “Temos uma grande equipe por trás do programa. Foi feito um grande investimento, tanto em equipamentos como em pessoas. Foram realizados diversos treinamentos dentro e fora do hospital com os cirurgiões, anestesistas, enfermeiros, instrumentadoras e técnicos de enfermagem. O pessoal de compras de insumos e engenharia clínica também recebeu treinamento. Foi um grande trabalho em equipe e em pouco mais seis meses alcançamos o marco histórico de cem cirurgias”, pontuou Nair Gusmão, gestora da Linha Cirúrgica da Santa Casa de Maceió.
A técnica de enfermagem Janaína Patrícia Torres é uma das que passaram pelo treinamento. “O serviço é de qualidade e todos os técnicos que circulam na sala de cirurgia são escolhidos e fazem treinamento para aprender a mexer nos equipamentos e a realizar o posicionamento do paciente. É muito gratificante fazer parte e uma equipe onde todo se ajudam”, disse.
Lysia Malta conta qual o papel da enfermagem durante a cirurgia robótica. “O trabalho começa dias antes do procedimento, quando entramos em contato com o cirurgião para sabermos qual o caso e como serão distribuídos os equipamentos na sala de cirurgia robótica. Dentro da sala nosso papel é fundamental, pois conseguimos deixar todo o material estéril e priorizar a segurança do pacientes”, disse a enfermeira.
“No começo foi um desafio para todos, afinal não tínhamos contato aqui. Mas a equipe se mobilizou e enviou alguns profissionais para centros de treinamento. Quando o robô chegou, participamos desde as primeiras cirurgias. É muito gratificante ver a evolução do paciente, que tem menos intercorrências na cirurgia e no pós-cirúrgico. Eles se recuperam mais rápido e vão para casa mais cedo”, comemorou o anestesista Luciano Costa.
Em junho, o provedor da Santa Casa de Maceió, Humberto Gomes Melo, recebeu das mãos de representantes da Strattner Intuitive, uma placa que marcava os 100 sistemas robóticos instalados no Brasil.